Percepção da população sobre a prática de atividades físicas

Posted under Sem categoria On By Bel Reis

A presente edição do Seade SP Social analisa a prática de atividades físicas entre residentes no Estado de São Paulo, a partir dos dados de pesquisa de percepção realizada pela Fundação Seade, em agosto de 2019 e agosto de 2023,1 por meio de coleta remota utilizando unidade de resposta audível (URA).

A prática regular de atividades físicas é fundamental para prevenir e tratar doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais e diversos agravos à saúde. A Organização Mundial da Saúde,2 em relatório de 2022, destaca os desafios dos países na implementação de políticas para aumentar os níveis de atividade física de suas populações e, assim, prevenir doenças e reduzir a carga sobre os sistemas de saúde.

Os resultados da pesquisa indicam que pouco mais da metade dos residentes em São Paulo praticou atividades físicas em 2023, com significativo incremento em relação a 2019. Realizar atividades físicas é mais comum entre homens, pessoas mais jovens (na faixa de 30 a 44 anos) e avança conforme aumentam a escolaridade e o nível de renda familiar.

Apesar da ampliação da prática de atividades físicas, 44% dos paulistas se mostraram refratários a essas atividades, proporção que é maior entre residentes da RMSP, mulheres, pessoas com mais de 60 anos, de menor escolaridade e menor rendimento familiar.

Menos de um terço dos residentes avaliou como suficientes as instalações para atividades físicas no seu bairro, o que pode significar uma barreira para a expansão dessa prática e merece um olhar das políticas públicas, tendo em vista os benefícios nas condições de saúde e prevenção de doenças advindos da realização de exercícios e treinos.

Prática de atividades físicas

No Estado de São Paulo, 56% da população praticou atividades físicas em 2023, parcela superior em 17 p.p. à registrada na pesquisa de 2019 (39%). A população do interior apresenta maior proporção de praticantes (59%) do que a da RMSP (54%), assim como os homens (65%) em relação às mulheres (52%). Essa adesão inferior registrada no grupo feminino, de 13 p.p., pode ser influenciada por fatores socioculturais que moldam diferenças do comportamento de gênero em nosso país, já observadas em outros levantamentos.3 Os mais jovens mostram maiores índices de prática de atividades físicas, com destaque para a faixa de 30 a 44 anos (64%), com um incremento de 23 p.p. em relação à pesquisa anterior. Essas práticas crescem conforme aumentam a escolaridade e o nível de renda familiar dos respondentes.

Gráfico 1 – Proporção da população que praticou atividades físicas no último mês, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (1)

Estado de São Paulo, ago.2019-ago.2023, em %

(1) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.
Nota: Instrução e renda familiar não foram captadas em 2019.

Entre os que praticaram atividades físicas, 80% o fizeram duas ou mais vezes por semana em 2023, representando um incremento de 14 p.p. em relação a 2019. Tal comportamento pode indicar um aumento da percepção em relação aos benefícios das atividades físicas para a saúde e prevenção de doenças. Nesse intervalo de tempo, a faixa etária de até 29 anos registrou o maior acréscimo (22 p.p.). Aqueles com níveis mais elevados de instrução e renda mostraram maior habitualidade na prática de atividades físicas duas ou mais vezes por semana.

Gráfico 2 – Distribuição da população que praticou atividades físicas, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (1), segundo número de vezes semanalmente

Estado de São Paulo, ago.2019-ago.2023, em %

(1) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.
Nota: Instrução e renda familiar não foram captadas em 2019.

Dentre os que realizaram atividades físicas, 60% dedicaram de 30 minutos até uma hora por dia de treino. Quase um terço dos praticantes realizou treino mais longo, com duração diária superior a uma hora. Nesse segmento, há uma proporção maior de homens (37%) e de pessoas com até 29 anos (42%), além daquelas com maior instrução e rendimentos familiares.

Gráfico 3 – Distribuição da população que praticou atividades físicas, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (1), segundo duração diária

Estado de São Paulo, ago. 2023, em %

(1) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.

Gráfico 4 – Distribuição da população que praticou atividades físicas, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (1), segundo intensidade

Estado de São Paulo, ago.2023, em %

(1) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.

Quanto à intensidade dos exercícios realizados, 59% praticaram atividades com intensidade moderada, 26% com intensidade leve e 15% realizaram treinos mais intensos. A atividade intensa é maior entre os homens, entre os que têm maior grau de instrução e renda e corresponde a quase um terço dos jovens praticantes com até 29 anos. A atividade mais leve é superior entre as mulheres, as pessoas mais velhas e com menor grau de instrução e renda.

Dos que praticaram atividades físicas no Estado de São Paulo em 2023, 45% pagaram para realizá-las, parcela pouco maior do que em 2019 (42%), com as maiores proporções entre as mulheres (47%), pessoas na faixa de 30 a 44 anos (58%) e aqueles com instrução e rendimentos maiores.

Gráfico 5 -Proporção da população que praticou atividades físicas e costuma pagar para realizá-las, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (1)

Estado de São Paulo, ago.2019-ago.2023, em %

(1) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.
Nota: Instrução e renda familiar não foram captadas em 2019.

Motivos para não ter praticado atividades físicas

No Estado de São Paulo, 44% da população se mostrou refratária à prática de atividades físicas, proporção que é maior entre residentes da RMSP, mulheres, os mais idosos e de menores escolaridade e renda familiar. Entre 2019 e 2023, diminuiu 17 p.p. a parcela daqueles que não praticam atividades físicas, sinalizando redução do sedentarismo entre os residentes no Estado.

Entre as motivações alegadas para a não adoção dessa prática estão problemas de saúde (34%), seguidas por falta de tempo (31%), inexistência de local para atividades físicas (15%), não gostam (8%) e outros motivos (12%).

A alegação de problemas de saúde alcança seu maior percentual entre as pessoas de 60 anos e mais (46%), o que sugere que idosos com problemas de saúde podem ainda ter sua qualidade de vida mais impactada pela ausência de atividades físicas. A falta de tempo é o principal motivo para homens, pessoas com menos de 60 anos, com maiores escolaridade e renda familiar.

Houve ainda, no quadriênio, uma redução da proporção de pessoas que alegaram não ter onde realizar atividades físicas, passando de 28%, em 2019, para 15%, em 2023. Esse comportamento pode ser observado tanto no interior quanto na RMSP, a despeito de diferenças percentuais importantes. Os segmentos de menor faixa de renda são os que mais mencionam essa ausência (20%).

Gráfico 6 – Distribuição da população que não realizou atividades físicas, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (1), segundo motivos

Estado de São Paulo, ago.2019-ago.2023, em %

(1) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.

Instalações para realização de atividades físicas

Entre os residentes no Estado de São Paulo, 31% avaliaram como suficientes as instalações para realização de atividades físicas no bairro em que residem. Nesse contingente, a percepção de suficiência é maior no interior do Estado, entre pessoas acima de 60 anos e com menores instrução e renda familiar.

Por outro lado, a parcela que demonstrou maior percepção de insuficiência de instalações é composta por pessoas com idade entre 30 e 44 anos. Menos de um quarto desse grupo etário considera os equipamentos no bairro suficientes, talvez em decorrência de uma maior propensão à realização de atividades físicas nessa fase da vida.

Gráfico 7 – Proporção da população que considera suficientes as instalações para atividades físicas no bairro em que residem, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (1)

Estado de São Paulo, ago.2023, em %

(1) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.

Quanto aos espaços disponíveis para atividades físicas, 44% da população afirmou que existem centros esportivos, ginásios e quadras de escola no bairro em que residem, um incremento de 3 p.p. em relação a 2019. Essa percepção de aumento na oferta foi registrada na Região Metropolitana de São Paulo, mas não no interior. Ademais, a constatação da existência de instalações para atividades físicas é ligeiramente superior entre homens, o que pode denotar diferenças entre gêneros, provavelmente associadas a aspectos culturais e de sociabilidade ou ainda às diferentes modalidades de atividades físicas realizadas por homens e mulheres.

Gráfico 8 – Proporção da população que afirmou existirem centros esportivos, ginásios e quadras de escola para realização de atividades físicas no bairro em que residem, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (1)

Estado de São Paulo, ago.2019-ago.2023, em %

(1) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.
Nota: Instrução e renda familiar não foram captadas em 2019.

Apesar de 44% da população afirmar que existem centros esportivos, ginásios e quadras de escola no bairro em que residem, menos de um terço desse grupo (30%) costuma utilizá-los, parcela que apresenta pequena redução em relação a 2019. A apropriação desses serviços, majoritariamente públicos, foi mais citada entre pessoas com menores instrução e renda familiar, sugerindo que esses espaços são usados por quem não poderia pagar uma instalação privada. Esse comportamento reforça a importância da manutenção desses equipamentos e sua contribuição na promoção de hábitos de vida saudáveis para a população.

Gráfico 9 – Proporção da população que costuma utilizar centros esportivos, ginásios e quadras de escola (1) para realização de atividades físicas no bairro em que residem, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (2)

Estado de São Paulo, ago.2019-ago.2023, em %

(1) Refere-se exclusivamente àqueles que afirmaram existir equipamentos no bairro em que residem.
(2) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.
Nota: Instrução e renda familiar não foram captadas em 2019.

A pesquisa indagou ainda sobre a disponibilidade de outros tipos de instalações no bairro da residência – parques, praças, academias ao ar livre ou quadras públicas de esportes. Os dados indicam que 53% da população percebeu essa existência, com acréscimo de 6 p.p. na comparação com 2019. Esse aumento sugere uma ampliação da percepção da população em relação à oferta de locais para atividades físicas, com acréscimo de 12 p.p., no quadriênio, na Região Metropolitana de São Paulo. A percepção de disponibilidade é maior entre homens, pessoas de até 29 anos e com maiores instrução e renda familiar.

Gráfico 10 – Proporção da população que afirmou existirem parques, praças, academias ao ar livre ou quadras públicas de esportes para realização de atividades físicas no bairro em que residem, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (1)

Estado de São Paulo, ago.2019-ago.2023, em %

(1) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.
Nota: Instrução e renda familiar não foram captadas em 2019.

Nesse contingente que percebeu a existência de parques, praças e academias ao ar livre ou quadras públicas de esportes para realização de atividades físicas no bairro em que residem, pouco mais de um terço (34%) costuma utilizá-los, proporção que diminuiu 6 p.p. em relação a 2019. Os dados sugerem que, mesmo percebendo a existência desses equipamentos, a maioria da população se mostra pouco habituada a utilizá-los, especialmente no interior, entre mulheres, pessoas de até 29 anos, mais escolarizadas e pertencentes a famílias com rendimentos superiores. A disponibilidade dessa oferta pode, no entanto, representar a principal forma de acesso da população mais pobre.

Gráfico 11 – Proporção da população que costuma utilizar centros esportivos, ginásios e quadras de escola (1) para realização de atividades físicas no bairro em que residem, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (2)

Estado de São Paulo, ago.2019-ago.2023, em %

(1) Refere-se exclusivamente àqueles que afirmaram existir equipamentos no bairro em que residem.
(2) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.
Nota: Instrução e renda familiar não foram captadas em 2019.

 

 

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Percepção sobre Atividades Físicas, 2019-2023.
Notas
1. Os resultados analisados decorrem de pesquisa primária realizada pela Fundação Seade entre residentes no Estado de São Paulo. O levantamento contou com uma amostra de 7.547 entrevistas na primeira tomada (agosto de 2019) e 6.008 na segunda (agosto de 2023).
2. CEE-FIOCRUZ. OMS destaca alto custo da inatividade física em novo relatório global. 19. Out. 2022. Disponível em: https://cee.fiocruz.br/?q=OMS-destaca-alto-custo-da-inatividade-fisica-em-novo-relatorio-global. Acesso em: 31 out. 2023.
3. BARRETO JR., I. F.; FRANÇA, C. R. A. Percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas: uma comparação entre Brasil e Estado de São Paulo. São Paulo: Fundação Seade, dez. 2015 (1a Análise, n. 33). Disponível em: https://www.seade.gov.br/wp-content/uploads/2016/01/Primeira_Analise_33_dez_final.pdf. Acesso em: 27 out. 2023.

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