A presente edição do Seade SP Social analisa a prática de atividades físicas entre residentes no Estado de São Paulo, a partir dos dados de pesquisas de percepção realizadas pela Fundação Seade, em agosto de 2019, agosto de 2023 e setembro de 2024,1 por meio de coleta remota utilizando unidade de resposta audível (URA).
A prática regular de atividades físicas é recomendada para a prevenção e o controle de doenças como as cardiovasculares, câncer e diabetes, bem como ansiedade e depressão. A Organização
Pan-Americana da Saúde (Opas), sucursal da Organização Mundial da Saúde (OMS), preconiza a prática de pelo menos 150 minutos semanais de atividade física de intensidade moderada e incentiva os países a promoverem campanhas para o aumento dos níveis de atividade física na população, melhorando a prevenção de doenças e reduzindo a carga sobre os sistemas
de saúde.2
Os resultados da pesquisa indicam que pouco mais da metade dos residentes em São Paulo praticou atividades físicas em 2024, com significativo incremento em relação a 2019 e comportamento estável em relação a 2023. Realizar atividades físicas é mais comum entre homens, pessoas mais jovens (na faixa de 30 a 44 anos) e sua prática avança conforme aumentam a escolaridade e o nível de renda familiar.
Apesar da ampliação da prática de atividades físicas, 43% dos paulistas ainda se mostram refratários a essas atividades, proporção que é maior entre mulheres, pessoas com mais de 60 anos, de menor escolaridade e menor rendimento familiar. As principais razões para a não adoção de atividades físicas incluem problemas de saúde (35%), falta de tempo (29%), ausência de local adequado (15%) e desinteresse (11%). Problemas de saúde são mais citados por pessoas com 60 anos ou mais (48%), o que indica que a ausência de exercícios pode agravar sua qualidade de vida. Já a falta de tempo é predominante entre pessoas de 30 a 44 anos, possivelmente devido à carga de trabalho e à busca pela consolidação profissional.
A oferta de instalações esportivas foi percebida como insuficiente por 69% dos entrevistados, mas mesmo quando disponíveis, o uso desses espaços públicos, como parques e academias ao ar livre, continua reduzido, sugerindo que a percepção de ampliação do acesso a essas infraestruturas pode não ser suficiente para aumentar sua utilização.
Sobre os Jogos Abertos do Interior de São Paulo,3 a pesquisa revelou que 48% da população do Estado conhece ou já ouviu falar do evento, sendo mais conhecido no interior (60%) do que na Região Metropolitana de São Paulo – RMSP (36%). Homens, pessoas com 60 anos ou mais, com ensino superior e de famílias com maior renda têm maior familiaridade com os jogos. Além disso, 92% dos entrevistados apoiam que o Estado financie a formação de atletas, com alta concordância em todas as regiões, faixas etárias, níveis de escolaridade e renda.
Prática de atividades físicas
Em 2024, no Estado de São Paulo, 57% da população informou praticar atividades físicas, percentual superior ao registrado no levantamento de 2019 (39%). Com relação ao apurado em 2023 (56%) houve situação de estabilidade, com variação positiva de apenas 1 ponto percentual (p.p.). A população do interior apresenta proporção levemente superior de praticantes (58%) do que a RMSP (56%). A adesão a essas práticas é maior entre os homens (64%) em relação às mulheres (54%), diferença observada nos levantamentos anteriores e em outros estudos, que pode refletir fatores socioculturais associados ao comportamento de gênero. Os mais jovens apresentam maiores índices de prática de atividades físicas, com destaque para a faixa de 30 a 44 anos (65%), repetindo comportamento observado na pesquisa de 2023. Essas práticas crescem conforme aumentam a escolaridade e o nível de renda familiar dos respondentes.
Gráfico 1 – Proporção da população que praticou atividades físicas no último mês, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (1)
Estado de São Paulo, ago.2019-set.2024, em %
(1) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.
Nota: Instrução e renda familiar não foram captadas em 2019.
Quanto à periodicidade dos exercícios, entre aqueles que realizaram atividades físicas, 81% afirmaram ter feito duas ou três vezes por semana, em 2024, índice superior ao registrado em 2019 (66%) e incremento de apenas 1 p.p. em relação a 2023. Esse comportamento sugere uma ampliação da percepção em relação aos benefícios proporcionados pelas atividades físicas para a saúde e prevenção de doenças. A prática de atividades físicas duas ou mais vezes por semana é mais frequente entre pessoas de 30 a 44 anos, com maior instrução e renda familiar. Chama a atenção tendência de elevação dessa frequência entre os segmentos com ensino fundamental e renda de até um salário mínimo.
Gráfico 2 – Distribuição da população que praticou atividades físicas, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (1), segundo número de vezes semanalmente
Estado de São Paulo, ago.2019-set.2024, em %
(1) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.
Nota: Instrução e renda familiar não foram captadas em 2019
Em relação ao tempo diário dedicado a exercícios, 60% dos respondentes que praticaram atividades físicas dedicaram de 30 minutos até uma hora por dia às atividades nos levantamentos de 2023 e 2024. Quase um terço dos praticantes realizou treino mais longo, com duração diária superior a uma hora, nos dois levantamentos. Homens, pessoas com 30 a 44 anos e aquelas com escolaridade e rendimentos familiares do estrato superior dedicam proporcionalmente mais tempo às práticas físicas. A apuração segundo faixa etária indica tendência de mudança no período: enquanto adultos entre 30 e 44 anos aumentam a frequência diária na prática de exercícios, os jovens até 29 anos diminuem o tempo dedicado à atividade física.
Gráfico 3 – Distribuição da população que praticou atividades físicas, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (1), segundo duração diária
Estado de São Paulo, ago.2023-set.2024, em %
(1) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.
Indagados sobre a carga dos treinos, a maioria dos respondentes que pratica atividades físicas o faz com intensidade moderada (61%), 26% com intensidade leve e apenas 13% realizam treinos mais intensos. A atividade intensa é mais observada entre homens, jovens e aqueles com instrução e rendimentos familiares mais elevados. E, de forma esperada, segue mais frequente entre pessoas de 30 a 44 anos e jovens até 29 anos, embora com diminuição no período. Esses dados também revelam estabilidade entre as apurações dos anos de 2023 e 2024.
Gráfico 4 – Distribuição da população que praticou atividades físicas, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (1), segundo intensidade
Estado de São Paulo, ago.2023-set.2024, em %
(1) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.
O costume de efetuar pagamento para realizar atividades físicas foi reportado por 47% dos praticantes, em 2024, elevação de 5 p.p. em relação ao ano de 2019 (42%) e leve crescimento em relação aos dados de 2023 (45%). Nesse quesito as maiores proporções são registradas no interior (49%), entre as mulheres (51%), pessoas na faixa entre 30 e 44 anos (60%), com mais escolaridade e situados nos estratos superiores de rendimentos familiares. Na comparação com 2023, aumenta a proporção de pessoas de 60 anos e mais que pagam para realizar exercícios físicos, enquanto decresce nas de até 29.
Gráfico 5 – Proporção da população que praticou atividades físicas e costuma pagar para realizá-las, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (1)
Estado de São Paulo, ago.2019-set.2024, em %
(1) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.
Nota: Instrução e renda familiar não foram captadas em 2019.
Motivos para não ter praticado atividades físicas
No Estado de São Paulo, 43% da população informou não ter realizado atividades físicas em 2024, proporção que é maior entre mulheres, pessoas de 60 anos e mais e com menores escolaridade e renda familiar. Entre 2019 e 2024, diminuiu 18 p.p. a parcela daqueles que não praticam atividades físicas, sinalizando redução do sedentarismo, aumento da preocupação com saúde e mitigação do risco de doenças cardíacas ou crônicas entre os residentes no Estado.
Entre as motivações alegadas para a não adoção dessa prática estão problemas de saúde (35%), seguidas por falta de tempo (29%), inexistência de local para atividades físicas (15%), não gostar (11%) e outros motivos (10%).
A alegação de problemas de saúde alcança seu maior percentual entre as pessoas de 60 anos e mais (48%), o que sugere que pessoas mais suscetíveis aos problemas de saúde podem ter sua qualidade de vida ainda mais comprometida pela falta de atividades físicas. A falta de tempo é o principal motivo para pessoas entre 30 e 44 anos, provavelmente em decorrência de uma combinação de fatores como carga de trabalho e investimentos na consolidação da carreira.
Houve ainda, no quinquênio, uma redução da proporção de pessoas que alegaram não ter onde realizar atividades físicas, passando de 28%, em 2019, para 15%, em 2024. Esse decréscimo é mais percebido na RMSP, em comparação ao interior do Estado. Pessoas de até 29 anos são as que mais mencionam essa ausência de local (19%), sinalizando necessidade de maior compreensão das demandas desse segmento etário.
Gráfico 6 – Distribuição da população que não realizou atividades físicas, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (1), segundo motivos
Estado de São Paulo, ago.2019-set.2024, em %
(1) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.
Nota: Instrução e renda familiar não foram captadas em 2019.
Instalações para realização de atividades físicas
Entre os residentes no Estado de São Paulo, em 2024, 31% avaliaram como suficientes as instalações para realização de atividades físicas no bairro em que residem, índice estável em relação a 2023. Nesse contingente, a percepção de suficiência é maior no interior do Estado, entre pessoas acima de 60 anos e com menores instrução e renda familiar.
Por outro lado, a parcela que demonstrou maior percepção de insuficiência de instalações é composta por pessoas com idade entre 30 e 44 anos. Apenas um quinto desse grupo etário considera os equipamentos no bairro suficientes, talvez em decorrência da necessidade de instalações mais próximas que permitam conciliar com horário de trabalho e necessidade de consolidação da carreira.
Gráfico 7 – Proporção da população que considera suficientes as instalações para atividades físicas no bairro em que residem, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (1)
Estado de São Paulo, ago.2023-set.2024, em %
(1) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.
Quanto aos espaços disponíveis para atividades físicas (centros esportivos, ginásios e quadras de escola), 46% da população afirmou, em 2024, que existem centros esportivos, ginásios e quadras de escola no bairro em que residem, um incremento de 5 p.p. em relação a 2019. Como em sua maioria esses equipamentos tendem a ser públicos, é notável que mais da metade da população não os perceba em seu bairro de residência – o que provavelmente deriva da inacessibilidade deles para a maior parte da população.
A percepção de aumento na oferta não foi verificada entre os residentes do interior, mas sim da RMSP, impressão que havia sido notada também em 2023. Tal qual na tomada anterior, a constatação da existência de instalações para atividades físicas é ligeiramente superior entre homens, o que pode indicar diferenças de gênero, possivelmente ligadas a fatores culturais, sociais ou aos diferentes tipos de atividades físicas praticadas por homens e mulheres.
Gráfico 8 – Proporção da população que afirmou existirem centros esportivos, ginásios e quadras de escola para realização de atividades físicas no bairro em que residem, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (1)
Estado de São Paulo, ago.2019-set.2024, em %
(1) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.
Nota: Instrução e renda familiar não foram captadas em 2019.
Embora 46% da população perceba a existência de centros esportivos, ginásios e quadras de escola no bairro em que residem, menos de um terço desse grupo (32%) costuma utilizá-los. A apropriação desses serviços foi mais citada entre pessoas com menores instrução e renda familiar, sugerindo que esses espaços são usados por quem não poderia pagar uma instalação privada. Esse tipo de comportamento destaca a relevância de ofertar equipamentos públicos, evidenciando seu papel na promoção de hábitos saudáveis entre a população.
Gráfico 9 – Proporção da população que costuma utilizar centros esportivos, ginásios e quadras de escola (1) para realização de atividades físicas no bairro em que residem, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (2)
Estado de São Paulo, ago.2019-set.2024, em %
(1) Refere-se exclusivamente àqueles que afirmaram existir equipamentos no bairro em que residem.
(2) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.
Nota: Instrução e renda familiar não foram captadas em 2019.
A pesquisa também questionou sobre a existência de outros tipos de instalações como parques, praças, academias ao ar livre ou quadras esportivas públicas no bairro de moradia do entrevistado. Os dados apontam que 54% da população percebeu essa presença, em 2024, com acréscimo de 7 p.p. na comparação com 2019. A percepção de disponibilidade é maior entre homens, pessoas com maiores instrução e renda familiar. A prática de atividades físicas em lugares abertos propicia um contato com a natureza, favorecendo a socialização e a interação com outras pessoas, ao mesmo tempo em que reduz os níveis de estresse e proporciona liberdade de movimento, permitindo um treino mais dinâmico. Essa prática não apenas melhora a saúde física e mental, mas também fortalece laços sociais, promove um ambiente de bem-estar e torna o exercício uma experiência mais agradável.
Gráfico 10 – Proporção da população que afirmou existirem parques, praças, academias ao ar livre ou quadras públicas de esportes para realização de atividades físicas no bairro em que residem, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (1)
Estado de São Paulo, ago.2019-set.2024, em %
(1) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.
Nota: Instrução e renda familiar não foram captadas em 2019.
Entre aqueles que notaram a presença de parques, praças, academias ao ar livre e quadras esportivas públicas em seus bairros, apenas um pouco mais de um terço (34%) os utiliza, o que representa uma diminuição de 6 p.p. em comparação a 2019, confirmando tendência verificada em 2023. As informações indicam que, apesar de reconhecerem a presença desses espaços, a maior parte da população demonstra pouco hábito em utilizá-los, especialmente entre mulheres, indivíduos com maior nível educacional e aqueles de famílias com rendimentos superiores.
Gráfico 11 – Proporção da população que costuma utilizar centros esportivos, ginásios e quadras de escola (1) para realização de atividades físicas no bairro em que residem, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (2)
Estado de São Paulo, ago.2019-set.2024, em %
(1) Refere-se exclusivamente àqueles que afirmaram existir equipamentos no bairro em que residem.
(2) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.
Nota: Instrução e renda familiar não foram captadas em 2019.
Atuação do poder público no estímulo ao esporte
A pesquisa indagou ainda os entrevistados sobre o conhecimento em relação aos Jogos Abertos do Interior de São Paulo, evento promovido pela Secretaria de Esportes do governo paulista. O referido evento é promovido anualmente e tem por objetivo desenvolver a prática desportiva em municípios do interior paulista e contribuir para o aprimoramento técnico das diversas modalidades em disputa no Estado de São Paulo.
Entre os residentes no Estado de São Paulo, em 2024, 48% afirmaram conhecer ou ter ouvido falar dos jogos abertos, cômputo que atinge 60% no interior, em detrimento da Região Metropolitana de São Paulo, cujo índice é 36%. Os jogos são mais conhecidos entre os homens (58%), pessoas de 60 anos e mais (53%), com ensino superior (54%) e residentes nas famílias no recorte de maior renda familiar (59%).
Gráfico 12 – Proporção da população que conhece ou já ouviu falar dos Jogos Abertos realizados no Estado de São Paulo, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (1)
Estado de São Paulo, ago.2019-set.2024, em %
(1) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.
Nota: Instrução e renda familiar não foram captadas em 2019.
Os entrevistados foram indagados ainda quanto a sua concordância sobre o financiamento da formação de atletas ser custeado pelo Estado. Essa possibilidade de fomento recebeu o apoio de 92% dos residentes no Estado de São Paulo, em 2024, percentual que se mantém em torno dos 90% nos três anos, independentemente da região de moradia, atributos pessoais e renda familiar.
Gráfico 13 – Proporção da população que acha que o Estado deve financiar a formação de atletas, por região de moradia, atributos pessoais e renda familiar (1)
Estado de São Paulo, ago.2019-set.2024, em %
(1) A apuração dos rendimentos refere-se à renda familiar total.
Nota: Instrução e renda familiar não foram captadas em 2019.
Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Percepção sobre Atividades Físicas, 2019-2023/2024.
Notas
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Os resultados analisados decorrem de pesquisa primária realizada pela Fundação Seade entre residentes no Estado de São Paulo. O levantamento contou com uma amostra de 7.547 entrevistas na primeira tomada (agosto de 2019), 6.008 na segunda (agosto de 2023) e 3.007 na terceira (setembro de 2024). Instrução e renda familiar não foram captadas em 2019.
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OPAS. Plano de Ação Global sobre Atividade Física. Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/atividade-fisica. Acesso em 08 out. 2024.
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Governo do Estado de São Paulo. Regulamento Geral – 86o Jogos Abertos “Horácio Baby Barioni”. Disponível em: https://www.esportes.sp.gov.br/wp-content/uploads/2024/04/18a-portaria-regulamento-86o-jogos-abertos-do-interior-horacio-baby-barioni.pdf. Acesso em: 04 out. 2024.
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